terça-feira, 30 de julho de 2013

# 316
























Para começo de discurso, isto não é um filme mas antes uma taluda genética. A sorte grande. Vários bilhetes premiados. São todos lindos. Tudo em volta é lindo. Tem mulheres. Tem ondas. Tem sol. E está mais para o Célebres e Ricas (George Cukor, 1981) que para As Baleias de Agosto (Lindsay Anderson, 1987). Quando a realizadora Anne Fontaine nos dá um plano que percorre o corpo nu de Robin Wright dos pés à cabeça, para que nos certifiquemos que é mesmo o corpo da actriz, que surgira já maravilhosa das vezes anteriores, o momento é pontuado por uma frase da personagem, Roz, dirigida ao amante, filho da sua melhor amiga, que por vez dela se amantizara também com o filho da bela Robin, dizendo-lhe que dali a uns anos não o deixará mais vê-la assim. A gente normal que olha para Paixões Proibidas (Two Mothers ou Adore no original) deste lado prosaico da ressurreição, responde para dentro: daqui a muitos anos, estaremos nós a padecer de glaucoma e tu e a Naomi Watts terão ainda o mesmo corpo (o que em matéria de cinema, seja película ou digital, corresponde à verdade). Como disse de início, isto não é um filme. Antes um sonho embrulhado em cinema convencional como a moral que espelha, em dobro.

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